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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Ranger

Brincando com hachuras. Eu não me lembro exatamente o que eu estava lendo na época que eu desenhei isso. Provavelmente alguma coisa do Cornwell. E eu também estava jogando Dragon Age. Então eu já estava quase saturado de escapismo fantástico medieval.

Eu passo por ciclos de extremo escapismo, que em geral são seguidos por momentos de pequena amargura e depressão. Normalmente quando eu não estou me distraindo com algo fútil e divertido, ou me ocupando trabalhando, eu começo a pensar demais. E isso para um pessimista nunca é bom.

Eu sempre fico me sentindo um pouco culpado depois que eu termino um desenho como esse. Parece muito infantil, muita projeção, muita frustração.

Muito escapista.

Eu imagino que seja assim que comedores compulsivos se sentem depois de se empanturrar de porcaria. Eles sabem que não devem, mas a outra opção é por demais sofrida e sem graça.

Eu sei que eu não devia. Eu sei que podia me esforçar para ser um artista melhor. Mas acho que anos de quadrinhos e videogames e livros e filmes deixaram-me permanentemente marcado. Eu não sei pensar de outro jeito. O mundo real parece um lugar tão randômico, cinza e sem propósito. As coisas não acontecem do jeito que deveriam acontecer. Não há roteirista, não há escritor. O excepcional e o fantástico não tem espaço. Apenas o mundano. O mediano. O medíocre.

O que deveria ser puro é deturpado, e o que deveria ser profundo é ralo. O simples e o complexo trocam de lugar sem cerimonia alguma. Nem a inteligentíssima decadência auto ciente tem o seu lugar, substituída por mera putrefação burra. No final das contas, o que quero dizer para o mundo real e todos seus habitantes é:

Não tenho interesse algum em transitar por suas ruas.

Mas eu me estendo demais... como sempre faço em meus momentos mais reflexivos. Depois de algum tempo vou arranjar outra distração e o ciclo começará novamente. Sempre é sauldavel desenhar mais e pensar menos.

2 comentários:

João disse...

Já venho há algum tempo admirando os seus trabalhos. Mas hoje excepcionalmente resolvi comentar a sua ilustração.

Ao mesmo tempo que ela causa inquietação, aflição, desespero, também desperta libertação, intensidade e beleza!

Inegavelmente ela cumpre o seu papel de ilustração, transmitindo em traços o que palavra alguma poderia expressar.

Parabéns, parabéns e parabéns!!!

Anônimo disse...

Gostei muito da ilustração amigo!
Parabéns, bem que Thiago falou que tu era bom pacas nisso!